domingo, 8 de maio de 2016

CEMITÉRIO MONUMENTAL DE MILÃO



Quando alguém faz planos para uma viagem a Milão coloca no seu roteiro algumas coisas que não pode deixar de ver: o Duomo, Galeria, Teatro Scala, Quadrilátero da Moda, Castelo e algum tempo dedicado a compras. 

Poucos pensam em visitar o cemitério mais famoso da cidade e um dos mais belos do mundo: 
o Cimitero Monumentale. 

OK... até nisto eu sou diferente!!! 

No último dia em Milão, estava combinado após o pequeno-almoço, levar as malas para o autocarro e íamos para o centro da cidade, desde as 9h 30m até às 15h 30m - hora que o motorista ia apanhar o grupo e seguíamos para o aeroporto. No jantar do dia anterior as pessoas iam combinando o que queriam fazer no dia seguinte, em Milão. 
Umas iam visitar dois ou três museus, outras iam às compras e, eu decidi que queria visitar o "Cemitério Monumental" de Milão. 
Bem... todos olharam para mim com um ar intrigado, ainda perguntei se alguém queria ir comigo, duas pessoas ainda estiveram com vontade, talvez pela curiosidade em ver o que seria que me despertava interesse, mas depois mudaram de ideias 
e... a própria Guia pensou que se não fosse alguém comigo, eu iria mudar de ideias ... só que estava muito enganada. 

No dia seguinte ela pediu ao motorista que, a caminho do centro fizesse uma paragem para descer uma pessoa do grupo, junto ao Cemitério...
e, ele ... intrigado perguntou: 
para quê? 
Ela respondeu que alguém queria visitar aquele espaço e diz ele... 
no seu italiano puro: 
"é a primeira vez que um turista me pede para o deixar à porta do cemitério" 
e diz ela: 
"também em toda a minha vida de guia acompanhante, ninguém me fez esse pedido!!!" 

BOA... ficarei na memória dos dois, como a primeira turista a pedir algo insólito.

Construído em 2 anos e inaugurado em 1866, era enorme mas se mostrou logo insuficiente, já que era o primeiro e único cemitério da cidade. 
Construído para todos os milaneses, a obra projectada em estilo eclético (porque mistura vários estilos) foi pensada pelo arquitecto Maciachini com um grande monumento frontal, reservado aos personagens mais ilustres da história italiana que morreram em Milão. 

Difícil ficar indiferente ao Famedio, entrada principal do cemitério e que foi pensado para ser uma igreja, mas que desde 1870 é destinado a sepultura do escritor Alessandro Manzoni, o filósofo Carlo Cattaneo, o arquiteto Luca Beltrami e poucos outros. 

Em estilo neo-medieval e coberto por uma abóboda azul, seu nome vem do latim famae aedes ou Templo da Fama. 

No grande cemitério milanês estão sepultados personagens como: 
Giuseppe Meazza (jogador do Inter que dá nome ao estádio de San Siro), 
Giorgio Gaber (cantor italiano), 
Francesco Hayez (pintor), 
os fundadores do Milan e do Inter di Milano, 
Salvatore Quasimodo (escritor prêmio Nobel), 
Arturo Toscanini (maestro), 
Medardo Rosso (escultor) . 




Considerado o maior museu de esculturas da Itália, passeando pelas suas ruas 
(é fácil se perder) se encontram também os monumentos fúnebres de importantes famílias de industriais, como Campari, Falck, Motta, Pirelli e trabalhos realizados por escultores como Butti, Lucio Fontana, Medardo Rosso, Adolfo Wildt e Arnaldo Pomodoro. 

Antigamente cemitério de todos os milaneses, hoje são três os critérios para se ter uma sepultura ali: ser famoso, rico ou residente nas imediações. 






No cruzamento das artérias principais existem várias placas como esta, onde consta o nome dos jazigos das famílias mais importantes. 

Aumentando o tamanho da foto, podem ver o número 18 refere-se a este jazigo acima da Famiglia ANGELO MOTTA - obra do architetto Melchiorre Bega e do scultore Giacomo Manzu.







Hoje, ao fazer a pesquisa para escrever este post li...
Se você estiver por aqui com tempo e gosta desse género de passeios, não pode perder. 

Estava previsto: Até o final do ano (2015) a linha M5 do metro (lilás) deve abrir a estação Monumentale (a estação mais perto é Garibaldi). 

Ora bem, até nisto tive sorte, pois em Março/2016 quando lá fui, 

já existe a nova linha de Metro, a mais moderna de todas, 

da rede de Metro de Milão.

Cimitero Monumentale
Piazzale Cimitero Monumentale
De terça a domingo das 8h às 18h
Fechado às segundas (que não sejam feriado)

O Cemitério Monumental de Milão é um dos dois grandes cemitérios da cidade italiana de Milão, tendo sido projetado pelo arquiteto Carlo Maciachini (1818-1899). Inaugurado em 1866, é conhecido localmente por possuir muitas obras de arte ornamentando os jazigos das personalidades italianas ali sepultadas. 

No seu interior encontra-se o Civico Mausoleo Palanti, mausoléu dedicado às mais ilustres personalidades de Milão.

Muitos dos túmulos pertencem a dinastias industrialista, por exemplo, família Antonio Bernocchi ou a dinastia da Casa de Biotti Natoli, e foram concebidos por artistas de renome, como Giannino Castiglioni, Giò Ponti, Arturo Martini, Lucio Fontana, Medardo Rosso, Giacomo Manzù, Floriano Bodini, e Giò Pomodoro. 

Eva Duarte de Perón (1919-1952), atriz e líder política argentina; seu corpo foi roubado e enterrado secretamente no Cemitério Monumental de Milão em 1955 , ali permanecendo até 1971

Horários de missas na Igreja dentro do Cemitério Monumental
Domingos: 10:00 / 11:30
Dias úteis: 9:00 / 11:15

Como chegar - Bus: 37 (paragem Piazzale Monumentale), 
Bus 70 (paragem Via Farini / Via Ferrari), 
Bus 94 (paragem P.ta Volta)
Trem: 2, 4, 7 (estação Via Farini / Via Ferrari), 
12 e 14 (estação Piazzale Monumentale / Via Bramante),
Estação Ferroviária: F.S. Garibaldi





11 comentários:

  1. O Turismo Negro ou Thanatoturismo,
    do grego thanatos, que significa “morte”,
    é um fenómeno amplo que engloba variadas tipologias de atracções,
    procuradas por pessoas com motivações tão ou mais variadas.

    Pode ser definido como o acto de visita a lugares de algum modo relacionados com a morte e/ou o sofrimento, o que abre portas a que seja analisado tanto como fenómeno comportamental, como algo ligado apenas às características da oferta.

    Seguidamente é feita uma abordagem ao Turismo Cemiterial especificamente, já que nem
    todos os que o praticam podem ser considerados turistas negros.

    ESTE É O MEU CASO - Alguns dos que visitam cemitérios fazem-no devido ao seu valor artístico e histórico.

    De facto, há em Portugal exemplos de cemitérios criados durante o período do Romantismo que têm grande beleza artística e potencial turístico, nos quais se inclui o Cemitério Central de Aveiro (Queiroz, 2009).

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  2. NA MINHA PESQUISA DE HOJE ENCONTREI UM ESTUDO INTERESSANTE

    Finalmente, apresentamos algumas reflexões finais, limitações do estudo e questões para
    investigação futura.

    TURISMO NEGRO E TURISMO CEMITERIAL
    A problemática que rodeia o estudo académico do Turismo Negro estende-se até à identificação da altura em que terá começado. Há autores, como Lennon e Foley (2000, citados por Sharpley, 2009), que entendem o Turismo Negro como um fenómeno moderno, com início no séc. XX.

    Scott (2010) refere que nem todos os que visitam um cemitério são turistas negros.
    Segundo este autor, muitas das pessoas que visitam um cemitério fazem-no no
    sentido de contactar com a história de um local e de contemplar a obra escultórica e
    arquitectónica do cemitério;

    “Os cemitérios monumentais foram feitos para serem visitados” (Queiroz, 2009, p.7)

    A vantagem principal é o facto de que o Turismo Cemiterial alerta e sensibiliza
    as autoridades que tutelam os cemitérios para a sua conservação e restauro.

    Seria impossível falar de turismo cemiterial sem mencionar o caso do Cimetière du Père
    Lachaise, em Paris.

    Este cemitério foi estabelecido em 1804 e alberga as sepulturas de personalidades famosas de várias épocas (Paris Cemeteries, s.d.). É considerado um dos cemitérios mais visitados do mundo (Paris Cemeteries, s.d, Sacred Destinaions, 2010 Meet me at Père Lachaise, 2010).

    Bastará uma simples pesquisa na Internet para encontrar vários sítios dedicados ao cemitério, que providenciam não só informação sobre a sua história e principais pontos de interesse, como também outros dados
    importantes para o visitante, como visitas guiadas, guias, mapas, horários de
    funcionamento, etc.

    No sítio Meet me at Père Lachaise (2010)) é mesmo possível
    descarregar uma aplicação para i-phone que é um guia do cemitério.

    O Cimetière du Père Lachaise constitui uma verdadeira atracção turística, sendo mencionado nos principais
    guias de viagem, como o Lonely Planet, como um sítio a não perder em Paris (Lonely
    Planet – guides por voyagers, 2011).

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  3. DEPOIS DA PESQUISA que fiz hoje

    e ter encontrado o que aqui repasso,

    chego à conclusão que...

    ESTOU MUITO À FRENTE EM MATÉRIA DE BOAS ESCOLHAS ao visitar grandes cidades!!!

    O resto do pessoal ainda anda naquela de que.... visitar MUSEUS É QUE É CHIC....

    É de gente BEM....

    O Cimetière du Père Lachaise constitui uma verdadeira atracção turística, sendo mencionado nos principais
    guias de viagem, como o Lonely Planet, como um sítio a não perder em Paris (Lonely
    Planet – guides por voyagers, 2011).

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  4. Realmente é fascinante!
    Quem sabe um dia conheço!... Bj

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  5. Num assunto quase "tabu" não podemos deixar de o admitir... a morte e tudo que está ligado à mesma causa de modo geral, algum desconforto... Tu conseguiste colocar-me a rir, pelo modo como descreves a tua "aventura" escreves-te com uma descontracção e sentido de humor fantásticos.
    Ora bem.. tb eu já fui visitar um cemitério como turista e interessada em cultura e história. visitei o Cemitério Trafalgar em Gibraltar e se tivesse oportunidade visitaria Père-Lachaise em Paris, ( já vi que falas dele nos teus comentários ) tomei conhecimento via fotografia e realto do mesmo através de uma amiga, acho que sabes de quem falo, e achei-o muito interessante. E agora tb fiquei com vontade de visitar este. Por isso não achei nada de negro ou obscuro este teu interesse. O que eu achei estranho mas ao mesmo tempo não me admira...foi a atitude da guia. sobretudo da guia.. enfim...
    Como sempre que visito o teu blog fico completamente elucidada sobre o que nos "apresentas" Sempre muito bem ilustrado e com textos esclarecedores e pormenorizados. Gostei muito das fotos e de conhecer a historia deste local.
    Não posso deixar de mencionar que me deixa um pouco triste que até na morte ha-ja separações de carisma de estatuto social.. contudo.. vendo bem as coisas existem e existiram pessoas que merecem serem diferenciadas até depois da morte. apesar de todos, mas mesmo todos virarmos pó...
    Parabéns por mais um post fabulosas imagens e texto.
    Beijinho e boa semana.

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  6. Sem dúvida uma reportagem menos comum. Também estive em Milão recentemente mas nem imaginei que existia um cemitério deste género. E ainda mais poder fotografar-se. Em Portugal já fui impedido de fotografar em cemitérios, por curiosidade um deles o da Moita. No entanto, no Porto, fotografei árvores, flores e o jazigo de Manoel de Oliveira, no Porto, sem ser advertido nem incomodado. E penso que os cemitérios são locais com muita história. Este então que documentas é em imagem e texto é muito mais que um simples cemitério. :-)

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  7. Belas imagens e respectiva informação sobre as mesmas.

    Muitos parabéns!

    Beijinhos e bom fim de semana!

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  8. Diferente mas com sentimentos idênticos. Uma reportagem sem igual. Não fotografo cemitérios mas admiro a arte dentro do santuário com respeito.
    Bjs

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  9. Dentro de alguns Cemitérios existe arte que valem uma visita.
    Nunca tinha ouvido falar neste de Milão.

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  10. Que bonito!
    Eu também adoro cemitérios :)
    Serenos, belos, cheios de beleza.

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  11. É mesmo muito bonito.
    Quando fui a Paris visitámos o Père Lachaise, também o achei lindíssimo.

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